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LEONID MARTINOV
(1905-1980)
Leonid Martinov, nome completo Leonid Nicolaevich Martinov (cirílico russo: Леонид Николаевич Мартынов), nascido em Omsk, 9 de maio de 1905 e morto em Moscou, 21 de junho de 1980, foi um poeta e tradutor de poesia russo.
Filho de um empregado ferroviário na Sibéria e de uma professora [2]., Leonid Martinov fez lá mesmo seus estudos secundários, os quais ficariam incompletos. A poesia de Vladimir Maiakovski despertaria o seu interesse pela poesia, a qual ele passaria a chamar de seu “primeiro amor”. Já à poesia de Aleksandr Blok ele passaria a chamar de seu “segundo amor”[3].
Desde 1920 trabalhou na imprensa, ainda em Omsk, nos jornais "Caminho do trabalho", "Sinal" e "Vodyanoy siberiano”, e viajou como repórter pela Sibéria e Ásia Central, participando de expedições.
Em seu trabalho na imprensa, através dela, em 1921, publica seu primeiro poema, publicando em 1930 uma série de poemas narrativos sobre o passado histórico da Rússia. Já nesta época começaram as suas dificuldades, tendo os originais de um livro seu (de contos) desaparecido em 1932, se dando por perdida a obra em definitivo [4].
Em 17 março de 1932 ainda, o poeta foi preso no episódio conhecido como o das “Brigadas siberianas (Сибирской бригады)” ou dos “poetas siberianos” (сибирских поэтов), viveu três anos de exílio no norte da Rússia. O processo de número 122613 levou a prisão Martinov e vários os autores participantes do seu grupo literário “Памир” (Pamir), acusado de promover propaganda contra-revolucionária e anti-soviética, sendo declarado uma organização ilegal [5] [6]. Apesar disto, em 1937 alcança alguma repercussão com “Правдивая история об Увенькае”, publicado em uma revista, tratando do tema do passado histórico da Sibéria. Outros membros do grupo, foram presos novamente naquele ano, havendo um deles sido baleado e outro morto no campo de prisioneiros.
Em 1939, consegue publicar seu primeiro livro de poemas, e mais dois publicou até 1945. A crítica do pós-guerra, no entanto, foi dura com o poeta, acusando-o de apolítico e atemporal, o que não era aceito pelos padrões culturais oficiais do stalinismo, e Martinov não publicaria nada nos próximos dez anos. Então, após 1946, seus poemas não foram mais publicados de forma alguma. [7].
A partir de 1955, após a morte de Stalin, o poeta passa a publicar mais e começa a se tornar conhecido pelo grande público, tendo sua reabilitação se iniciado a partir de um artigo de Iliá Selvínski em 1954.
Traduziu, entre outros poetas, autores como Pablo Neruda, Adam Mickiewicz, Arthur Rimbaud e, sobretudo, autores húngaros, Janos Arany, Endre Ady, Attila József, Antal Hidas[8].
Também foi autor de ensaios, inclusive sobre literatura (o livro “Caminhos da poesia (1975)”, e de um romance autobiográfico “As fragatas de ar (1974)”.
Conforme os autores de “Poesia Russa Moderna” [9], sua obra se caracteriza por uma linguagem moderna, pela riqueza de imagens e, frequentemente, por uma atitude de reflexão.”
ANTOLOGIA RUSSA MODERNA. Traduções de Augusto e Haroldo de Campos com a revisão ou colaboração de Boris Schnaiderman. Apresentação, resumos biográficos e notas de Boris Schnaiderman. Rio de Janeiro: Editôra Civilização Brasileira S. A., 1968.. Desenho
de capa:Marius Lauritzen Bern. (Coleção POESIA HOJE, Série Antologias Volume 17. Direção de Moacyr Felix.
Ex. bibl. Antonio Miranda
ENTRE velhas casas
Entre ruas chiantes
Entre cercas pardas
Move-se o tanque.
Tremem almas tíbias:
Assenta-se um canhão.
O piloto-Revolução
Mira de olhar firme.
Mãos de combustível
Dedos de óleo-diesel
Mas os olhos — luz súbita —
Azuis de Rússia.
1922
Paraíso Terrestre
Água
Esmeralda
Entre escarpas
Gruta
Entre mudos
Oculta
Trilhas
E empecilhos
Nas trilhas
Mas
Tudo passa e
Desfaz-se
Meninos
Traquinam
No jardim
À solta
E a lagoa
Reboa
Tempo perdido
Murar de sigilo
Este paraíso
1957
(Tradução de Haroldo de Campos)
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Página publicada em março de 2021
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